Plataforma “Estude em casa” tem novas informações e materiais do ensino remoto da rede estadual

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Professores e alunos falam das novas ferramentas que ainda estão sendo construídas e para muitos o ano escolar ainda não começou

Estudantes do ensino médio e fundamental estão de volta às aulas. Em casa e com aulas on-line. Desde março do ano passado professores e alunos não pisam as salas de aula. São participantes do novo ensino remoto, pelejando com as ferramentas tecnológicas de que dispõem para ensinarem e aprenderem. Os desafios são imensos, principalmente para os das escolas da rede pública, onde tecnicamente as situações são muito diferentes dos colégios particulares. Somam-se a isso as dificuldades de pais e responsáveis para auxiliar as crianças menores no aprendizado diário – e incentivarem os pequenos a não perder os conteúdos ofertados. Mais de um ano depois do início da pandemia da Covid-19, os professores estão trabalhando além de suas horas de contrato, com equipamentos quase sempre ineficientes. Contam eles que a todo momento buscam ressignificar sua prática pedagógica para auxiliar os estudantes, muitos dos quais também não dispõem de ferramentas adequadas, ambiente propício e mesmo o interesse pelas aulas das plataformas virtuais.

A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais atualizou o site estudeemcasa.educacao.mg.gov.br com informações referentes ao ano letivo de 2021. Assim, busca auxiliar estudantes, pais (e/ou responsáveis) e professores a terem acesso mais ágil às informações e materiais trabalhados durante o regime de estudo não presencial. O governo do Estado fez parceria com ambientes virtuais e coloca à disposição desses o PET – Plano de Estudos Tutorados, através de plataformas propostas para o ensino-educação, com a denominação de Conexão Escola. Os professores gravam suas aulas, com lições dos conteúdos, exercícios, vídeos e avaliações, compartilham nessas plataformas virtuais e os estudantes acessam diariamente esse material. Estudantes dos ensinos fundamental e médio deveriam interagir com os educadores por meio de computadores, notebook, tablets ou mesmo aparelho celular. Seria tranquilo dessa forma, mas na realidade não é bem assim. Na parte de divulgação do governo, a propaganda oficial faz referência aos PETs e ao programa “Se Liga na Educação”, transmitido aos alunos pela Rede Minas, diariamente. No site é possível acessar a programação semanal, verificar quais conteúdos serão trabalhados em cada dia, entre outros. O espaço Conexão Escola é dedicado ao aplicativo que está disponível para alunos e professores. Nele é possível acessar a versão web do aplicativo, além de vídeos com orientação de uso das novas funcionalidades do Conexão Escola 2.0.

Muito conteúdo e alunos distantes do processo

Professores e alunos ouvidos pela reportagem do Jornal S’PASSO mostram que os planos de aulas virtuais ainda estão sendo construídos. A SEE/MG ainda está em processo de contratação de alguns professores e muitos estudantes estão longe desse ambiente escolar – como estão física e geograficamente da escola desde o início da pandemia em 2020.

Em 2020, conta uma professora dos anos finais do ensino fundamental, que as aulas virtuais foram bem assimiladas ainda nos primeiros momentos, embora existiam propostas diferentes para cada escola. Onde a professora leciona foi proporcionado aos alunos a criação de grupo de whatsapp, orientados pela supervisora de ensino da 12ª Superintendência Regional de Ensino, e em cada turma foi escolhido um coordenador entre os estudantes. As atividades eram transmitidas (e devolvidas) a esse aluno e repassadas aos demais. A Secretaria de Educação também colocava conteúdos nos PETs e havia mais interação. Hoje, as escolas estão ainda tentando organizar os programas e se adaptar às mudanças propostas pela SEE. E as relações professor/aluno estão complicadas porque na sua escola, por exemplo, existe ainda o grupo de atividades via whatsapp e a SEE criou nova plataforma, da classroom. O resultado disso é que os professores estão tendo que se desdobrar para atender as duas plataformas e os alunos comparecem apenas (com suas atividades e presença) na do whatsapp. “A outra fica vazia, funcionando para as paredes. E nós com o dobro de tarefas”, reclamou.

Uma professora do ensino fundamental contou que o programa de aulas da rede estadual ainda está em processo de adaptação e que as dificuldades são muitas neste percurso. Em sua escola ela diz que esse ano ainda não teve contato com alunos, nenhum programa foi iniciado. E que os estudantes estão tentando fazer as “avaliações diagnósticas”.

A mãe de uma aluna do segundo ano do ensino médio contou ao S’PASSO que sua filha está fazendo os PETs por conta dela, inda não foi inserida em nenhuma sala virtual. Outra professora, que também falou à reportagem, reclama do excesso de documentos e reuniões que a escola impõe ao professor – seguindo pressão e exigência da SEE – mas que o programa de aulas virtuais do Google Classroom “é apenas um processo para inglês ver”. Outra professora, ligada ao SindUTE, ressaltou que a plataforma virtual do governo do Estado no início de 2021 não tem tido grande acesso por parte dos alunos, algo em torno de 30%. “Os alunos estão com muita dificuldade para acessar, não estão entendendo o que é um e-mail institucional (exigido para o acesso ao sistema), às vezes mora com a avó ou os pais são mais velhos e não conseguem nem abrir a página. E também muitos alunos não possuem equipamentos com internet boa para atenderem às exigências do programa. A propaganda oficial diz que o sistema pode ser acessado off-line, mas eu tentei e não consegui. Então, não está acontecendo de fato”, contou.

Tarefa escolar para os pais

A mãe de um aluno do 7⁰ ano do ensino fundamental contou-nos que estavam acostumados a deixar tudo por conta dos professores e que sua tarefa era de conferir as atividades realizadas em casa. Hoje a realidade é outra, uma luta diária para fazer com que as crianças sigam os programas do calendário escolar. “Creio que se no ano passado já estava difícil o acesso, esse ano está pior. Acredito que nem todos têm esse acesso, muito menos dinheiro para poder pagar professores particulares, além de paciência e tempo para ajudar seus filhos a realizar essas atividades”, pontuou. Entretanto, a reportagem ouviu um aluno do oitavo ano do ensino fundamental e na sua opinião essa forma está muito mais fácil do que no ano passado. “Primeiro a gente vai no app conexão escola, assiste às aulas e depois é só fazer pelo PET”, considerou. Outro aluno, do ensino médio, conta que sente saudades da sala de aula “de verdade”, e que o aprendizado, embora muitas vezes perdido pelo descompromisso de muitos estudantes, era muito melhor. Essa falta de regras e disciplina faz com que muitos deixem para depois a realização das tarefas. “Parece que estamos de férias, longas férias, e que o ano escolar ainda não começou, desde o ano passado”, considerou.

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