Retorno das aulas presenciais divide opiniões e Sind-UTE se posiciona

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Tem tomado proporções gigantescas – e não há exagero nessa afirmação –as discussões em torno da volta das aulas presenciais em Itaúna, a exemplo de outras cidades do país. De um lado estão os pais de alunos, que assumiram desde o início da pandemia uma outra função, que é a de conduzir crianças e adolescentes na realização das tarefas escolares, além das inúmeras outras que já possuem. Estão exaustos no papel de professores e torcem com fervor para que as escolas voltem a funcionar o mais rápido possível. Do outro lado, empresários da educação, preocupados com a demora da pandemia, as escolas fechadas, a inadimplência das mensalidades crescendo, os lucros diminuindo. Enfim o perigo de um encerramento definitivo.  Nessa situação uniram-se pais de alunos e donos de escolas (representados por seus funcionários graduados, os diretores e coordenadores pedagógicos) para levar às autoridades políticas sua reivindicação primordial: o retorno às aulas presenciais. E daí nasceram as propostas de ensino híbrido, suspensão dos intervalos de aglomerações (os recreios), comparecimento facultativo (de alunos, não de professores e demais profissionais) e uma série de ideias que as escolas deverão adotar para evitar contaminações. Os protocolos indicam que as escolas deverão disponibilizar dispenser com sabonete líquido, álcool gel, máscaras reutilizáveis, copos descartáveis, papel toalha, luvas e lixeiras com tampa e pedal. Também a recomendação de adoção de horários diferentes para entrada e saída de acordo com cada turma, de forma que os grupos não se encontrem, além da advertência de que o distanciamento mínimo entre alunos deve ser de 1,5 metro, com uma média de 18 alunos por turma.

Um grupo de pais e dirigentes de escolas particulares procurou vereadores (simpáticos à causa da reabertura das escolas em Itaúna), os secretários de Saúde e Educação, Fernando Meira e Weslei Lopes, respectivamente,  e agendou uma carreata pelas ruas de Itaúna na manhã de hoje, sábado. A proposta, amplamente viralizada nas redes sociais, é arregimentar maior número de adeptos ao “retorno seguro” e sensibilizar as autoridades que têm o poder da caneta. Na Câmara, o vereador Kaio Guimarães (PSC) falou da carreata deste dia 27, “Sem viés político” e disse que a reabertura dos colégios à comunidade escolar é um processo bem estudado, seguro, que tem apoio de médicos pediatras, inclusive. Guimarães, claramente favorável ao movimento, asseverou que o nível de transmissibilidade em crianças é de 3% e em adultos 8%, o que não justifica a continuidade do ensino remoto.

Conservadores Cristãos  X  políticos de esquerda

A mobilização pelo retorno das aulas presenciais em Itaúna é encampada por políticos de direita e pelo já conhecido Movimento Conservadores Cristãos de Itaúna. No entanto, a iniciativa esbarra em protocolos defendidos por grupos de esquerda, professores e diretoras de escolas públicas, que preveem apenas um caminho para o retorno seguro das aulas nas escolas.  Isso implica vacinação de professores, demais trabalhadores da educação, estudantes e familiares destes. O embate entre os políticos de direita e de esquerda tem tomado conta de postagens nas redes sociais nos últimos dias.

Sind-UTE prega união de todos para cobrar vacinação já

  O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação – Sind-UTE de Itaúna divulgou no início dessa semana uma nota em que expõe suas considerações acerca do tema. De cara o Sind-UTE expõe que é a favor da volta às aulas em condições de segurança para todos os envolvidos no processo educacional: estudantes, profissionais e as famílias de ambos. A nota, assinada pela analista educacional Mônica Regina dos Santos, destaca o número de mortes pela Covid-19 no Brasil e a ascensão do vírus em quase todas as cidades do Brasil e na mesma medida em que se proliferam as contaminações, é evidenciado o descaso dos governantes, especialmente do presidente da República Jair Bolsonaro. Ela acusa o governo federal de omissão, descaso e negligência em relação à compra de vacinas e investimentos na ciência.

O Sind-UTE pontua que profissionais como padeiros, policiais, vigilantes, comerciários e muitos outros obviamente devem ser protegidos também, porém estes não estão obrigados, por ofício, a ficar, durante 4 horas num ambiente pouco seguro com 20, 30 ou 40 pessoas, como é o caso dos professores. E destaca que as condições das escolas públicas – na sua imensa maioria – são extremamente precárias e inadequadas para o retorno sem programação, como querem os defensores da reabertura dos colégios. E contesta com veemência a alegação de que os professores  “estão de férias e contra a volta às aulas”.  O órgão da categoria ressalta que os professores tiveram que aprender, da noite para o dia, a trabalhar com uma tecnologia que não dominavam, tiveram que adquirir – sem nenhuma ajuda governamental – equipamentos e provedores de internet mais potentes. E que, na grande maioria dos casos, estão trabalhando duas a três vezes mais, visto que muitos estudantes, pais e até secretarias de Educação desrespeitam os horários de trabalho dos mesmos. Para o Sindicato, a imensa maioria dos professores prefere o trabalho presencial – com segurança – ao trabalho remoto.

Os professores propõem que as lideranças que estão convidando para manifestações em favor da reabertura das escolas se unam a eles para lutarem por vacinas e o retorno às aulas realmente com segurança para todos.

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