Para celebrar o Dia do jornalista, as lembranças de 131 anos de imprensa em Itaúna

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O filósofo Nietzsche (1844-1900) pontuou que “não há fatos, só interpretações” e um político mineiro, muito esperto e inteligente, chamado José Maria de Alkmin (1901-1974) tomou para si a frase: “o que importa não são os fatos, mas a sua versão”. E, o fato é que tem muito jornalista que segue ao pé da letra essas máximas. O dia 7 de abril, quarta-feira passada, foi o Dia do Jornalista. E a imprensa segue seu caminho, cheia de bons e maus jornalistas. É assim em toda a sua história desde que Gutenberg (alemão: 1400-1468) usou os primeiros tipos móveis para imprimir textos e revolucionar a imprensa. A cidade de Itaúna vive nesta peleja de fazer jornal há um bom tempo. As notícias, que deveriam alimentar a essência da imprensa, a escrita, por exemplo, muitas vezes impõem aos repórteres dificuldades de toda sorte. Estas são instrumentos de trocas espúrias, são manipuladas, escondidas, negligenciadas e, nas mais das vezes, objeto de ameaça à integridade física e moral dos que com elas trabalham. O jornalista está, muitas vezes, na linha de tiro ou, como diria um outro homem de imprensa, Millôr Fernandes (1923-2012), com grande importância para ser preso e nenhuma para ser solto.

A imprensa deu as caras em Itaúna antes mesmo de sua emancipação político-administrativa (1901), ou seja, antes do município, quando ainda existia o arraial de Sant’Anna do Rio São João Acima. O primeiro jornal foi “O Centro de Minas”, fundado por Manoel Gonçalves de Sousa Moreira, em 1890, como conta Raymundo Corrêa de Moura, em artigo para a Revista Acaiaca, de fevereiro de 1954. O pioneiro do jornalismo santanense, Manoel Gonçalves, foi empresário e mecenas. Ele é considerado o maior benemérito da História de Itaúna, pois de sua herança financeira nasceram inúmeras melhorias, como hospital, escolas, casas comerciais e ações políticas consideradas de grande espírito inovador.

Raymundo Corrêa de Moura, no seu artigo na Acaiaca, traça um perfil muito abrangente da imprensa local até aquele início da década de 1950. “A imprensa em Itaúna foi um fato que precedeu a tôdas as vitoriosas iniciativas que vieram colocar o município numa respeitável posição econômica no Estado”, escreveu ele à página 169. Acerca do Centro de Minas, que foi, segundo a história, o primeiro jornal produzido num arraial de Minas Gerais, Corrêa avalia como “magnífico órgão de imprensa”.

É quase impossível imaginar que em fins do século XIX, numa comunidade com menos de 1.500 habitantes, houvesse interesse em escrever e editar em jornal. O Centro de Minas abriu caminho para uma outra iniciativa pioneira, um veículo de comunicação produzido por uma mulher. Pois sim, em 1896 foi criado em Sant’Anna do São João Acima um jornal de cunho literário, denominado “A Violeta”, dirigido por Aureslina de Faria. Juntamente com outras mulheres da época, A Violeta tornou-se um feito de grandes proporções, que merece destaque, pelo pioneirismo e coragem daquelas senhoras.

Muito se diz por aqui que a primeira escola de Jornalismo de Itaúna surgiu em 1944 e chamou-se “Folha do Oeste”, criada e dirigida por Sebastião Nogueira Gomide, o Piu – o dia 20 de fevereiro passado marcou seu centenário de nascimento. Por lá passaram alguns dos jornalistas que mais se dedicaram – e que ainda se dedicam – ao exercício da reportagem, da redação e de outras atividades da imprensa escrita. A Folha do Oeste sobreviveu até o início dos anos de 1990.

Da Folha do Oeste nasceu o Jornal Brexó

O já citado artigo da revista Acaiaca, assinado por Raymundo Corrêa, dá conta de mais de duas dezenas de jornais existentes em Itaúna até o início dos anos de 1950. Nomes curiosos como “Astréia”, “Folha Azul”, “O Minuto”, “O Furão”, “O Vicentino”, “Zum-Zum”, “A Escola”, “O Semeador” e “A Mocidade” são registrados pelo articulista. Nas últimas décadas assistimos ao nascimento e ao fechamento de outras tantas dezenas de veículos da imprensa local. Alguns tiveram vida curta, quase meteórica, outros sobreviveram por alguns anos, uns poucos continuam atuando de maneira significativa na comunidade. E, como todo jornal, agradando a uns e desagradando a outros. O mais longevo jornal itaunense desta nova fase é o “Brexó”, que nasceu dentro da Folha do Oeste (rua Antônio de Matos, 11, no centro de Itaúna) em setembro de 1978 (encerrou suas atividades em 2016). Criado por um grupo de jovens estudantes, o Jornal Brexó chegou como porta-voz político e cultural de uma parcela da comunidade que buscava algo novo para aqueles anos de ditadura militar, que já dava sinais de cansaço. Seu principal criador foi Célio Silva, um dos mais próximos colaboradores do Piu da Folha do Oeste.

Jornais e revistas para vários gostos

Dos parcos arquivos documentais disponíveis sobre o tema, encontram-se os registros dos jornais locais: Folha do Oeste, Tribuna Itaunense, Avante e Trama (da Cia. Industrial Itaunense), Ita-Vox, Folha do Centro Oeste, Panorama Itaunense, Folha do Povo, Jornal S’PASSO, Gazeta de Itaúna, Via Fanzine, Radar Aquariano, Itaúna Re-Vista, Jornal Social, Integração, Diário, Caderno I (da Universidade de Itaúna), O Favo (do Colégio Santana), Itametal (do Sindicato dos Metalúrgicos), Voz de Minas, Jornal do Number One, Informativo Gefa (do Grupo Espírita Francisco de Assis), Gazeta Apaqueana (da Apac) e Trolha Popular. Os registros ainda trazem notícias das revistas “New Toque”, “Mestre”, produzido por alunos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de Itaúna, uma outra produzida pelo Tiro de Guerra e, mais recentemente, a Calouro, recheada de variedades em reportagens curtas e notas sociais.

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